Mesmo tipo de piada: francês processado, brasileiro enaltecido

anelka quenelleDe caso em caso a discussão volta à tona: até que ponto alguém pode causar mal a alguém e se esconder atrás da tal “liberdade de expressão”?

O comediante francês Dieudonné M’bala M’bala teve a exibição do show censurado. O governo francês alega que o artista prega o antissemitismo, além de discriminar EUA, chineses e mulheres, nos seus espetáculos. Com piadas consideradas de mal gosto e ofensivas ele é acusado de colocar lenha na fogueira do ódio.

Em resposta a um jornalista, crítico contundente do comediante, disse: “Quando ouço o Patrick Cohen [jornalista judeu] falar… penso estas a ver a câmaras de gás… que pena!”.

Em Dezembro de 2003 apareceu no talk-show sobre política “You Can’t Please Everyone”, vestido de militar, com uma máscara de ski preta e um chapéu judeu ortodoxo com os dois cachos de cabelos e convidou a audiência a juntar-se “ao eixo américo-sionista, o único que oferece felicidade e o único onde há a hipótese de viver um pouco mais”. Concluiu o discurso levantando o braço e gritando “Isra-heil”.

Dieudonné foi criador do gesto apelidado de quenelle, ou glissant des quenelles (bolinhos fritos de peixe ou carne), que autoridades classificaram de antissemita. O humorista afirma ser anti-sistema. Nicolas Anelka, jogador de futebol, fez a saudação durante uma comemoração de um gol. Após muitas reclamações desse seu comportamento Anelka disse tratar-se de uma homenagem ao seu amigo M´bala M´bala. O comediante tem vários processos. Alguns lhe renderam multas.

No inicio de sua carreira ele fazia dupla com Elie Semoun, judeu. Ao menos o comediante pode alegar que não tem nada contra judeus, inclusive trabalhou com um. Só não pode alegar amizade, pois este o execrou de seu convívio.

Bem, esse é Dieudonné digno representante da extrema direita francesa.

Enquanto isso… por terras brasileiras… temos Danilo Gentili. Desfilando racismo, preconceito e ignorância nos seu programa e espetáculos. Sem que nada lhes seja imputado. Pelo contrário, como certas “brincadeiras” podem pegar mal e afastar possíveis patrocinadores ele se isola em pequenos ambientes e, como uma afronta a inteligência, promove apresentações de piadas “politicamente incorretas”. Fazer graça com dor e discriminação em cima de vulneráveis, judeus, nordestinos e mulheres é Amostra grátis de incapacidade artística.

Deprimente, ainda por cima os espectadores tinham que assinar um termo de aceitação. Vou ofender, mas não me processem. Piada em cima da piada. Assim seja: plateia formada por pessoas que dão risadas da simples menção da palavra “papel-higiênico”. E isso o satisfaz. Elogio fácil.

A anedota de que em Higienópolis (bairro nobre da capital paulista habitado por muitos judeus) seus moradores eram contra a estação do metrô porque judeu não gostava de trem, lembrava Auschwitz. Foi de uma idiotice espetacular. Ou quando fez gozação com o aleitamento materno, ou com a miséria dos nordestinos e suas crianças barrigudas. Chalaças indignas, recheadas de preconceito.

Por aqui ficou por isso mesmo. Nem processo, nem debate ou censura em cima do apresentador-humorista-empresário.

A mídia não permite a discussão sobre esse tema. É pecado? A Globo não quer nem ouvir falar.

Falta um bom caminho para a plena democracia no Brasil. O primeiro passo seria a lei da mídia. Por que o governo federal não leva adiante esse tema? Tem medo de quê? Enquanto isso vemos pseudo-artistas destruindo mentes?

Afinal, o que é liberdade de expressão?